Reflexão do Evangelho do 2° Domingo da Quaresma - Ano C - São Lucas - 2025

O Tempo da Quaresma caracteriza-se como uma caminhada para a Páscoa. Nesse sentido, a Igreja celebra neste 2° Domingo da Quaresma o mistério da Transfiguração do Senhor. O anúncio da Paixão e Morte de Jesus deixou os discípulos confusos e perdidos. Eles não conseguiam entender um salvador que não pudesse salvar-se das ciladas dos adversários e das garras da morte. Os discípulos tiveram que enfrentar, como ainda hoje nós, muitas dificuldades, mas é a fé que nos sustenta. O Pai não abandonou Jesus e não nos abandona. E a morte não tem a última palavra.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.

Naquele tempo,

^28b Jesus levou consigo Pedro, João e Tiago,
e subiu à montanha para rezar.

²⁹ Enquanto rezava, seu rosto mudou de aparência
e sua roupa ficou muito branca e brilhante.

³⁰ Eis que dois homens estavam conversando com Jesus:
eram Moisés e Elias.

³¹ Eles apareceram revestidos de glória
e conversavam sobre a morte,
que Jesus iria sofrer em Jerusalém.

³² Pedro e os companheiros estavam com muito sono.
Ao despertarem, viram a glória de Jesus
e os dois homens que estavam com ele.

³³ E quando estes homens se iam afastando,
Pedro disse a Jesus: 

"Mestre, é bom estarmos aqui.
Vamos fazer três tendas:
uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias".
Pedro não sabia o que estava dizendo.

³⁴ Ele estava ainda falando,
quando apareceu uma nuvem 

que os cobriu com sua sombra.
Os discípulos ficaram com medo
ao entrarem dentro da nuvem.

³⁵ Da nuvem, porém, saiu uma voz que dizia:
"Este é o meu Filho, o Escolhido.
Escutai o que ele diz!"

³⁶ Enquanto a voz ressoava, Jesus encontrou-se sozinho.
Os discípulos ficaram calados
e naqueles dias não contaram a ninguém
nada do que tinham visto.
Palavra da Salvação.

Este relato da Transfiguração é encontrado nos três evangelhos sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas). A Transfiguração nos mostra Jesus cheio de glória: o mesmo Messias que será "desfigurado" (relato da Paixão) em Jerusalém, apresenta-se "trans-figurado" no relato deste Evangelho. Isso antecipa a sua vitória, indicando também a sua ressurreição, na qual ele triunfará sobre a morte.

Pedro, Tiago e João é aquele grupo dos discípulos que está mais presente nos diversos momentos da vida do Senhor. Estarão presentes tanto nos momentos felizes quanto nos mais difícieis. São chamados por Jesus a se retirarem para a montanha - que na Bíblia apresenta-se como lugar privilegiado do encontro com Deus - para orar. O Evangelista Lucas é o que mais apresenta Jesus em momentos de oração. 

Ao transfigurar-se, Jesus apresenta os traços do Ressuscitado, o que antecipa, já na vida dos discípulos - representados pelos três apóstolos -, aquilo que será sempre lembrado na História da Salvação: as intervenções salvíficas de Deus na história de seu povo.

Por sua vez, Moisés e Elias, que vêm conversar com Jesus, são as testemunhas que acompanham a manifestação do Ressuscitado. Moisés é o intercessor, também profeta, e líder do povo, amigo de Deus, e representa a Lei, justamente por ter trazido à humanidade os Mandamentos da Lei de Deus. Já Elias é o grande profeta e foi enviado por Deu para enfrentar o culto dado a Baal. Ambos representam, portanto, a Lei e os Profetas, algo extremamente importante dentro da religiosidade judaica.

Pedro, ao vivenciar a experiência com o Ressuscitado, quer ficar no monte, dissociando-se da missão que temos aqui na terra. Quer reter ali a experiência, de forma meio que egoísta, somente para eles. Mas é preciso descer a monte, é preciso dar testemunho no meio das pessoas que estão em nosso caminho. Não podemos reter só para nós mesmo a experiência com o Senhor.

A Transfiguração do Senhor já antecipa a nossa transfiguração. O Senhor já lançou em nossos corações a semente da vida divina. Para fazer com que ela cresça e produza frutos, é preciso "escutar" a voz do Filho muito amado, colocar-se no seu seguimento e ser testemunhas de sua Palavra. 

Crédito da Imagem: Santo do Dia - Canção Nova.