Dia de Finados
Celebramos no próximo dia 2 de novembro a comemoração de Todos os Fiéis Falecidos, com a celebração do Dia de Finados.
O Dia de Finados não é para ser um dia de tristeza ou de desânimo, mas um dia de saudade, para lembrarmos com carinho daqueles que já se foram e rezarmos por eles.
Por meio da nossa fé, temos a certeza de que aqueles que já se foram estão na eternidade, ao lado de Deus, descansando nos ombros do Bom Pastor. Logo mais, nos encontraremos com eles na eternidade, pois elas apenas foram antes de nós. Nesse dia, apesar da dor da saudade e de não ter mais aqui conosco esses entes queridos, temos que trazer no coração essa certeza, que é a certeza que viveremos eternamente ao lado de Deus.
Jesus Cristo abriu-nos as portas da eternidade, morreu e ressuscitou por nós e nos deu a garantia da vida eterna. Ele mesmo nos garantiu que prepararia um lugar para nós ao lado de Deus. Somos convidados a edificar o Reino de Deus aqui na terra e vive-lo de maneira plena no céu. Como nos diz a teologia, é o chamado “já” e “ainda não”, ou seja, construir já aqui na terra o Reino de Deus e contemplá-lo de maneira definitiva no céu.
Muitas pessoas têm medo da morte ou de como será os seus últimos dias, mas apesar desse assunto causar certa preocupação, não podemos ter medo da morte, primeiro porque não sabemos quando será o dia ou a hora que Deus nos chamará e, segundo, porque não levaremos nada dessa vida e a única certeza que temos quando nascemos é que morreremos e, quando morrer, viveremos eternamente ao lado de Deus. Também não devemos viver pensando no dia da morte, mas continuar fazendo as nossas atividades diárias.
Neste Dia de Finados lembremos com carinho daqueles que já se foram e rezemos por eles. Quando for à missa, leve o nome de seu parente que já faleceu escrito num papel e com certeza o sacerdote rezará na intenção. Se possível, vá ao cemitério e visite o túmulo de seu ente querido que já se foi. Ir ao cemitério não substitui a participação inteira da Santa Missa, mesmo que for ao cemitério, participe da missa antes ou depois, até mesmo os cemitérios dispõem da celebração da Santa Missa. Em nossa arquidiocese todos os cemitérios terão as celebrações da missa e também os nossos agentes de pastoral para ajudar a todos na oração pelos seus falecidos.
O Dia de Finados é próximo da data que celebramos o Dia de Todos os Santos, pois somos convidados a viver a santidade no dia a dia, mesmo que não sejam os canonizados pela Igreja, levaremos dessa vida o quanto fomos capazes de amar o nosso próximo. Por razões pastorais, a CNBB transferiu a celebração da Solenidade de Todos os Santos do dia 1º de novembro (sexta-feira) para o domingo seguinte, dia 3 de novembro, para a participação de mais fiéis.
Desde sempre, os católicos têm o costume de rezar por seus entes queridos, prestar homenagem e enfeitar os túmulos. Ainda se celebra a missa de sétimo dia, mensal e anual daqueles que já partiram. Antigamente, a família guardava o luto por vários dias em respeito àquele que partiu para a eternidade. A esposa, por exemplo, ficava um tempo usando roupa preta e guardando o luto. Nos dias de hoje, mudou um pouco esse costume e o tempo de luto diminuiu.
Desde o século XI, os Papas Silvestre II, João XVIII e Leão IX recomendavam vivamente que os cristãos dedicassem um dia para rezar por quem já havia falecido e muitas vezes não era lembrado. Celebrar a memória de alguém que já partiu é, de certa maneira, ter a certeza de que a pessoa sempre estará conosco. Não podemos esquecer daqueles que já se foram, pois alguma marca deixou em nossa vida.
A partir do século XII, o Dia de Finados passou a ser celebrado pela Igreja Católica em 2 de novembro. A partir do século IV, foi acrescentada na oração eucarística a oração por todos os fiéis defuntos, para que a cada missa os fiéis possam lembrar de quem já se foi.
Rezemos por nossos entes queridos que já se foram e não deixemos que essa data caia no esquecimento, manifestemos a nossa fé católica e que o Dia de Finados seja devidamente celebrado com respeito e devoção na certeza da ressurreição de Cristo que é a certeza da ressurreição de todo batizado.
O Dia de Finados nos recorda que a nossa vida é um ciclo, como todas as coisas da natureza, nascemos, crescemos, amadurecemos e morremos. Porém nós temos a certeza da vida que continua na eternidade. Estamos aqui de passagem, a vida é um sopro e não sabemos qual será o dia e a hora que nos encontraremos com Deus. A morte é a etapa final desse ciclo que nos dá a oportunidade de abrir os olhos para a eternidade. É difícil nos separar daqueles que amamos e a morte com certeza é momento duro, mas celebramos com saudade e não com tristeza essa data, tendo a certeza de que um dia nos encontraremos com quem já se foi.
O que resume esse dia de Finados é saudade e fé, e trazer em nosso coração a certeza que nossos entes queridos que já partiram estão intercedendo por nós onde estiverem. Aguardemos ansiosamente a segunda vinda de Cristo e a ressurreição final, onde todo nos encontraremos, mortos e vivos.
Cardeal Orani João Tempesta.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro.
Fonte: CNBB.
Crédito da imagem: RCC Brasil.
reflexões, Celebrações Litúrgicas, dia de finados
- Acessos: 54